JarbasTaboza
"Nunca desistas de seus sonhos."
Textos
O Lago
Em um momento de solidão,
fui ao Lago manso e cristalino,
e era tão grande e eu pequenino,
que me vi diante da amplidão.

E vi ali uma paz que crescia,
e o céu pleno e nele refletido,
longe, muito longe aparecia,
a margem onde o Lago é contido.

Sentia ali uma paz transcendente,
uma brisa calma e segura,
digna daquele que ali procura,
refletir e se fazer ausente.

Fui envolvido por pensamentos,
incertos, frutos da nostalgia,
que rodeava o lugar e o momento,
querendo transfigurar meu dia.

Eu olhava quão calmo e sereno era,
aquele espelho ali acomodado,
me olhava já meio transfigurado,
pelo espírito que a ti venera.

Ali então, pequenino e solitário,
apreciava os montes e a cidade,
naquele passeio fútil e unitário,
que, de súbito, me deu saudade.

Enquanto pensava estar tranquilo,
vi aflorar o meu terno desejo,
quando lembrei aqui do nosso beijo,
e fiz da paz que circunda asilo.

Quis vir aqui buscar paz e abrigo,
fugindo de mim e do letargo,
percebo que agora estás comigo,
e que toda calma passa ao largo.

Mesmo a beleza que aqui floresce,
e este Lago parece distante,
torna meu pensamento constante,
daquilo que a alma não esquece.

Desde muito sempre, amada minha,
que tua ausência é sombra amiga,
na clara luz de quando eu tinha,
a companhia que hoje me castiga.

E fui ao Lago ver bem de perto,
e quão nostálgico olhá-lo era,
assim como alguém que espera,
e de esperar se fez deserto.

Refletido, me via claramente,
na serenidade de suas águas,
onde a lágrima se fez constante,
assim, como um diluvio de mágoas.

Olhando agora a água bem de perto,
e ela, calma, olhando para mim,
me fez reviver o triste fim,
luto que o Lago fez encoberto.

Vi teu rosto oculto lá no fundo,
lembrando da atroz fatalidade,
me ausentei de te e da saudade,
que o Lago escondeu no mais profundo.

E o Lago, me olhando bem preciso,
absorto, me sentindo surpreso,
envolvido e já quase preso,
numa armadilha de Narciso.
JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 28/12/2024
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